segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um vírus com arquivo não executável

Sei lá desde quando, mas descobri: meu maior medo é o jargão.

Quando eu era criança, pra disfarçar que eu não era normal, eu, ao invés de boneca, carregada uma carreta vermelha de madeira com todas as minhas Barbies e, óbvio, que a minha Barbie não era noiva como minha mãe queria, era a roqueira com cabelo verde e mini saia roxa. E ao contrário de todas as meninas, eu preferia a toalha do verdão a da Hello Kitty... E assim foi, evitando se ser...

De repente quando eu me via normal, gostando de Xuxa, influenciada pelas primas e aminguinhas de escola, eu decidi que não gostava nem de Ballet, nem de vôlei, eu preferia mesmo jogar futebol. E que não gostava de rosa; a bolsa, a saia, a blusinha, o esmalte era tudo azul ou de verde.

E quando a normalidade insistia em aparecer, eu decidia que não poderia ter cabelos compridos, pois então eu parecia uma jovem sexy dessas de coxas roliças e cabelos esvoaçantes. Então aos 15, eu tinha cabelo channel, aqueles lisos e retos, sem graça. ao invés de rímel, um óculos preto e quadrado para ver melhor, e no lugar do brilho labial, dentes de aço. Quando então o usual era ler capricho ou sei lá, essas revistas de adolescente, eu lia Kafka e lia sobre a filosofia e, quando era comum ser rebelde e ouvir músicas, eu as odiava.

Então eu cresci evitando isso e aquilo, a minha felicidade estava na diferença e nos questionamentos, ai evitando coisas e desvencilhando todas as regularidades, todas as normas, todas as tangências, eu descobri o que eu era.

Mas ai veio a paixão, com a mesma simplicidade e igualdade de um sorriso que eu dava, eram os dos outros e, o mesmo ódio, e o mesmo jeito bobo de amar, vieram todos num turbilhão de jargões, como das outras pessoas.

Descobri então, que por mais que eu teimasse em não ser humana, eu era e, a mesma forma que as minhas lágrimas molhavam meu rosto, as lágrimas alheias molhavam os seus rostos. Tentei não chorar então, para ser diferente e, quando chorei, chorei demais.

Tentei não me apaixonar e, que coração idiota!, resolveu exagerar, se apaixonou demais.
E ao contrário das palavras que se apagam num 'deletar', ele não se vai.

E pra menininha que toda dotada do mais severo ceticismo, isso se explica através da física quântica!, mas não se subtrai como contas, não se dissolve com solvente, não se classifica como síntaxe, é incompreensível a mim.

Jargão?

É um prognóstico.
É um 'se liga'.
É uma autocorrelação.
É uma apnéia.
É uma arritmia.
É uma comitologia.
É uma flexigurança.
É um 'dar um rolé'.

É um tanto de coisa, que você acha descolado, lindo, especial, coisas quando você não sabe o que é, quando sabe, gosta ainda mais, então exibe e, quando vê que não agrada mais, tenta largar e não consegue: impregna, não desgruda, sufoca.

Jargão é um tipo de vírus, que você pega e fica.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

uma palinha

Ele é assim, simplesmente impressionante.
Quando eu falo isso para ele, instantaneamente contesta: Por que?
E é quase inexplicável, faz-me bem sem querer, faz-me sorrir sem intenção, está nele o meu olhar brilhante em cada momentozinho que passa.
Perplexa é essa cumplicidade.
Inusitado foi o nosso encontro, tão perto, tão junto e tão longe. Escondia-se na beiradinha do meu eu, no cantinho da minha percepção, na frestinha do meu motivo de sorrir despretensioso.
Gostoso é saber que você continua ai, meu amigo e, só fez crescer algo que estava em mim, além de amiga, virar sua menina. Foi descobrir o carinho nas palavras, o pudor nas brincadeiras, o respeito pelas vontades.
Foi entender que quando a gente menos espera o universo só conspira a nosso favor, a nossa paixãozinha, ao nosso amorzinho ainda tímido.
A vontade é gritar por ai que nós nos encontramos, mas não precisa, está estampado em nossos bom dia.
Bom dia! :)