quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tempo

hoje é um bom dia para voltar a escrever.

Nunca tinha conseguido sentir o quanto o calor do sol, enquanto esperamos o farol para pedestre abrir aquece nossa cabeça. Fica realmente quente, se prestar bem atenção, poderia até incomodar...
Não que nunca tinha sentido calor na rua, mas hoje consegui perceber essa sensação detalhadamente. Já perceberam quanto a brancura da faixa de pedestres faz a testa franzir? O como o cheiro do asfalto quente incomoda nosso olfato e, os nossos olhos secam...

É uma fase, eu seu, hoje eu consigo prestar atenção nessas coisas. Realmente estava sozinha: Eu, meu respirar e o sol sob toda essa Terra.

Você é imperceptível. Se tropeçassem em você nessa situação, talvez te confundiriam com uma elevação da grama no canteiro. Nada faz diferença.

Igual mesmo é você não pensar por qual lado irá comer a coxinha e desenvolver uma teoria sobre isso. Como comer um sorvete de palito coberto por uma camada de chocolate, podendo desfrutar primeiramente da quase irritante sensação do açúcar em sua língua, para depois desfrutar do sorvete, refrescante, ameno, se deliciar. Ou ainda conseguir ter manias, daquelas inúmeras. Não pisar na linha da calçada, arrumar a calcinha no bumbum de tal forma que fique milimetricamente ajustada para ambos os lados do bumbum, fazer chapinha no cabelo, reparar no delineador da colega de trabalho... Saber que a recepcionista repetiu o mesmo par de sapatos durante uma semana inteira. E tudo isso, eu nunca consegui antes. Eu vivia apressada, sem tempo e nem mesmo sabia aonde estava indo.

A pressa nem sempre é inimiga da perfeição. Nunca fui perfeita, mas sim perfeccionista. E tinha pressa, nem sei mesmo para que. Ou seja, onde foi meu tempo?

Agora, eu o tenho dosado e dividido, ora ele falta sufocantemente, ora me sobra demais, nesses momentos, por exemplo, enquanto o farol abre: em que eu vou pensar?

O que eu vou pensar entre o xixi e o enxugar as mãos depois de lavá-las? O que faço nos meus 5 minutos de sobra do almoço? O que eu planejo no trânsito infindável? O que eu sonho entre o momento de deitar até o sono vir? Como eu começo a rezar? Como eu termino? Em que eu acredito enquanto eu espero o tempo passar? Que tempo? Quanto tempo? O que vai ser depois desse tempo?

Só restou-me uma alternativa, confiar.
Mas cadê a calma? Porque ninguém me ensinou esperar? Como esperamos? Distraio-me com que? Onde? Como? Com quem?

O jeito é confiar. E começar devagar...