domingo, 8 de junho de 2008

É o que tem

Você levanta todo dia e vive cada dia.
Você acorda e faz planos, mas o que é todo dia? A rotina.
Você pensa, sabe o quanto é inteligente, mas o impulso te impulsiona também. Atos sem pensar acontecem e, não são meras fatalidades.
A gente tem discernimento do que é o certo, embora o errado às vezes seja sedutor e impere.
O destino? O planejado? Bom, eu não sei bem.
Ela dirigia bem até. Não gostava muito, mas se locomover numa cidade como essa que é São Paulo, torna-se muito necessária essa habilidade e praticá-la também, mais um pedacinho da rotina. Gostoso mesmo era o namoro que já durava três anos e seis meses. Como todo casal, eles tinham os seus desentendimentos, mas a vontade mesmo era se casar e ter filhos, constituir a sua própria família. Ela fazia pós, uma garota com uma vida bem ativa. Ele? Não sei bem, mas sabemos que ele era necessário para que ela estivesse tão bem.
Uma fatalidade. Uma pequena contribuição a tão grandes estatísticas. São Paulo uma cidade que possui mais de 10 milhões de habitantes e, que acontece pelo menos uma morte por dia envolvendo motocicletas (dados de 2007).
Ela talvez desatenciosa ou por falta de habilidade, mata uma motociclista...
Quando a gente está lendo isso no jornal, lê, entende a gravidade, mas esquece que há um ser humano ali. Ela? Não quis mais dirigir, já estava enlouquecendo. Uma morte? Causada por ela, ela aos seus vinte e poucos anos, martírio.
Passados uns dias, hora de relaxar, sair com o namorado seria uma boa opção. E lá vão eles, felizes.
A vida é feita de momentos. E aquele momento era para relaxar, esquecer um pouquinho tudo aquilo que havia passado há alguns dias. Felizes!
Um carro com toda aquela mesma desatenção, talvez.
Uma colisão.
Um sonho, uma vida, se vai. Ela falece na hora. Um carro bate na moto que aquele futuro “marido e mulher” cheio de sonhos estava. Jovens. Cheios de vida. Ele sobrevive. E emociona a todos aqueles que recebem o e-mail da conta dela, informando aos amigos dela sobre a trágica história. Arrepia, dói a espinha. Dói os ossos.
O que será dele? Era o amor da vida dele. Sem segundas chances, sem volta.
Isso é a morte!
E digam-me do que se trata? Destino? É o valor que ela devia? Isso de desejos, realmente acontece? Desejou ela, estar no lugar daquele que ela roubou a vida, sem intenções?
Bom, amanhã, eu esqueci de querer estar mais com as pessoas que eu amo. Amanhã eu esqueci de tanto sofrimento. Esqueci a minha própria hipocrisia.
Rotina.
...
Mieko