quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Por que trabalhar home-office

Bom, facilmente eu fico totalmente brava. Isso é fato e, eu reconheço. Mas como pode estar tudo tão zoado assim e a gente achar normal?
A minha indignação de hoje é toda e qualquer forma de se locomover em São Paulo.
Simples assim, segunda-feira eu tinha uma consulta médica no horário do meu almoço, para facilitar e economizar tempo, resolvi ir de carro. Bom, em um farol, eu cantando sertanejo toda animada, recebo um desses jornaizinhos, lá tinha uma informação bastante interessante para mim: bairros como Moema e Vila Olímpia têm novas regras de trânsito. Quando eu decidi sair de carro da minha casa, sai cedo, pois assim conseguiria uma vaga em frente ao meu prédio... Tudo perfeito, sairia, iria para a minha consulta e caso, não houvesse vagas, pagaria algumas horinhas de estacionamento, que convenhamos, naquele bairro é um tiro no peito já. Ok. Li o jornal e acabou toda a minha animação, a rua do meu trabalho simplesmente tinha virado tudo zona azul! Puta merda. Agora vou ter que pagar o estacionamento, bom, vou dar uma volta no quarteirão, ali nas ruas de trás sempre tem uns preços mais baratinhos, resultado: todos os estacionamentos ‘baratinhos’, preço de Vila Olímpia, estavam lotados... Ok, vou pagar um, mas pensa bem, na hora que decidi ir embora, vou conseguir ir embora! Ah, sim, claro, o que sem trânsito em um domingo de manhã (sem ser feriado, não te acidentes, nem passeatas de Jesus, nem corrida, nem jogo, nem shows, assim um domingo quase típico, aliás, acho que um domingo de exceção, de não ter carros na rua), eu levaria 30 min, mas como era segunda-feira, levei só 1h30. O trânsito continuou exatamente o mesmo.
Puta merda, então melhor mesmo ir de ônibus.
Terça-feira, saio de casa de salto alto, estava inspirada, acordei que parecia ter visto passarinhos, esse todo bom-humor durou até a esquina, toda esburacada por conta de uma reforma na calçada, motivada será que pelas eleições? Não tenha dúvida, o único problema que para colocar algumas poucas pás de cimento, eles estão com essa reforma há pelo menos uns três meses? Não acaba, não acaba nunca. Resultado: bico do meu sapato de salto alto, esfolado. Humor? Abalado, é claro.
Tinha visto na TV que havia ocorrido um acidente/incidente que seja em uma estação de trem. Expliquem-me só como um projeto de passarela simplesmente cai? E não só cai, cai em cima da rede que fornece eletricidade para que os trens se locomovam... Enfim, acho que há algo errado com os projetos, não? Pensei que bastasse o buraco de Pinheiros. Bom, não vou pensar nisso, vou ao trabalho de ônibus. O mesmo de sempre, pega um pouquinho de trânsito, mas nada demais. O terminal Princesa Isabel está nojento, cheio de mendigos, cheio de lixo, mas isso ninguém viu ainda e, não sou eu que vou ficar reclamando disso também. Ônibus atrasado. Bem pouco, uns 20 minutos. Ok, dentro do ônibus. Trânsito na Paulista! Como assim ônibus também pega trânsito? É, esses tais corredores não funcionam... Fora isso, o ônibus já estava abarrotado de gente, só não bastasse isso, quebra! É quebra, pára! Ali mesmo, no meio do caos as 7h11 da manhã. Tudo bem, logo vem outro e, claro o que mal cabia em um, vai com certeza caber em outro, que já está recheado de odores matinais que só de me lembrar já embrulham o estômago, enfim, tenho que ir trabalhar. Ufa, 7h16, outro, todos entram, iguais uma manada, acho que ninguém lembra que é um humano ali. O ônibus vai fechar as portas, um homem fica com o braço preso. O motorista? Não consegue entender, nem enxergar a situação para ter uma melhor atitude do que fazer com a porta:
-Abre.
- Não, não, fecha!
- Abre, por favor, o braço do homem vai quebrar...
Ouve-se um monte de gritos desesperados, ao mesmo tempo, que todos só observam. O homem fica lá, precisa ser socorrido talvez... E assim é.
Bom, quarta-feira. Melhor mesmo é ir de trem, sai bem, bem mais cedo! Estava animada, queria resolver algumas coisas logo cedo, não via a hora de me livrar dessas coisas. Fui para a estação de trem. Ia bem até chegarmos à estação Presidente Altino. Tava assim, muito cheia, quase desisti de descer, mas fazer o que, né? Desci, o humor já tinha mudado. Cheio. E hoje decidi nem falar do cheiro das pessoas, nem mesmo daqueles homens tenebrosos te encoxando o tempo todo. Passa um trem. Passam 20 minutos. Passa outro. Passam mais 30 minutos. Porra, bicho! Eu só queria chegar cedo! A única coisa que não passa é o tanto de pessoas querendo todos ali, ir trabalhar. Querer demais? Porra, veio um trem finalmente que dava para TENTAR entrar, ah foda-se, vou nesse mesmo, já estava atrasada. Bom, gente gritando e puxando os cabelos: normal. Gente se batendo: normal. Então, mas ainda não me acostumei de ocupar o mesmo espaço que três corpos a minha volta. Ah, claro, senão bastasse todo esse aperto, o trem pára em todas as estações, mesmo que impossível entrar alguém... Ah, claro, as pessoas precisam descer. Só sei, que eu demorei muito e por mais que eu tente dançar com as músicas do meu tocador, cara, juro é difícil. O cara ali do lado insiste em esfregar-se em você. A mina insiste em jogar aqueles pixains molhados com cheiro de alisamento, na minha cara (nada contra, desde que você não venha jogá-los na minha cara). O tiozinho insiste em cutucar-te com a sacola, sei lá, que deveria ter uma árvore ali dentro, cheio de pontas. E a gorda? Mano, sempre tem uma apoiando-se em você...
Ai eu chego e perguntam: o que aconteceu?
Porra, bicho! Não é fácil.
Quero trabalhar home-office.
E pensar que ainda tem mais dois dias essa semana. E pensar cara, que eu já tentei de tudo! Porra, vou de barco amanhã? Pego ali o Tietê e depois o Pinheiros? Compro um burro com charrete? Cara, me estresso.
Tiau.